Há 28 anos a formar técnicos de ótica ocular

IN OPTICAPRO Edição 181, maio DE 2018

OpticaPro: Como nasceu o Curso de Técnico de Ótica Ocular na Casa Pia?

Manuela Mingote: O curso de Ótica Ocular teve início no Colégio Nuno Alvares Pereira no ano letivo de 1990/91 por iniciativa da União Profissional dos Óticos e Optometristas Portugueses (UPOOP), através de uma parceria estabelecida entre esta entidade e a Casa Pia de Lisboa. Ao longo destes 28 anos, sentimo-nos orgulhosos por ter formado imensos jovens aptos para o setor ótico. O objetivo do curso é dotar os nossos futuros profissionais de competências interpessoais para enfrentarem os desafios crescentes do mercado de trabalho. A Casa Pia de Lisboa sempre pautou pela formação de excelência. Atualmente, na componente de formação técnica, para alem de mim, lecionam a disciplina de Preparação, Montagem e Reparações em Ótica os Professores Rui Gomes e João Carvalho.

OP: Qual a duração da formação?

MM: Consiste em 3250 horas divididas por três anos, com componentes de formação sociocultural, científica e técnica. A partir da entrada em vigor do referencial de formação, são 630 horas em contexto de trabalho.

OP: Quais os níveis de empregabilidade?

MM: Quase 100%. É rara a semana em que não recebemos telefonemas a perguntarem-nos se temos alunos disponíveis para entrarem de imediato no mercado de trabalho! Há uma procura muito grande dos nossos técnicos.

OP: Quais são as principais saídas profissionais?

MM: A principal saída é para técnico de ótica, ou para trabalhar em fábricas de lentes oftálmicas. Também acontece tirarem, posteriormente a licenciatura em optometria.

OP: Como funcionam os estágios?

MM: Temos criado ao longo dos anos vários protocolos com óticas e esforçamo-nos para que os alunos sejam colocados o mais perto possível de casa. Há uma aceitabilidade muito grande por parte das óticas, sendo que muitos ficam lá a trabalhar depois. No final do curso há a cerimónia “Prémios Empresas” em que as óticas entregam um premio aos estagiários. Por vezes são equipamentos, outras vezes prémios monetários e até é comum oferecerem propostas de emprego.

 
 

OP: Em que consiste o programa Mentoring Empresarial com o Grupo Optivisão?

MM: Traduz uma aproximação entre a formação e as necessidades do mercado de trabalho, promovendo a empregabilidade dos cursos e, simultaneamente, aumentando a base de recrutamento das empresas. Os alunos são colocados nas diversas lojas do Grupo Optivisão, onde adquirem competências de natureza diversa no contexto de oficina, atendimento ao cliente, entre outras. São também desenvolvidas atividades como rastreios visuais, palestras por parte dos profissionais do Grupo Optivisão para os formandos, doações de material (lentes e armações para utilização nas aulas praticas) e, ainda, o programa “Braço Direito” onde o aluno acompanha o dia de trabalho de um profissional da área.

O professor rui gomes, docente na disciplina pratica de Preparação, Montagem e Reparação em Ótica, foi o pioneiro que, em 1990, começou o curso juntamente com Manuela Mingote.

OP:O que mudou desde o início do curso?

Rui Gomes: Na altura, ainda no Colégio Nuno Alvares Pereira, o curso chamava-se Técnico Profissional de Ótica Ocular e a disciplina Praticas Oficinais. Em 2006, devido a restruturação dos cursos da Casa Pia, passamos para aqui, na sede de Pina Manique. Com a entrada na Comunidade Europeia, fizemos o nosso referencial de formação em conjunto com outra escola que também da formação nesta área, o INETE.

OP: O que vos diferencia do INETE?

RG: Dei formação no INETE de 1994 a 2001 e posso dizer que aqui damos formação de excelência. A nossa componente pratica é bastante superior. Temos oficinas bem apetrechadas em termos de equipamentos e docentes. Muitas óticas conceituadas preferem os nossos alunos pela prática com que acabam o curso, em relação ao INETE. Eles saem daqui muito bem preparados para trabalhar quer em óticas, quer em fábricas de lentes, ou se quiserem, via ensino superior, no curso de Optometria.

Professor do curso profissional Técnico de Ótica Ocular da Casa Pia desde 2006 nas disciplinas de preparação, montagem e reparações em ótica, João Carvalho, ótico e optometrista, é apaixonado pela formação que poucos conhecem e muitos dão valor.

OP: Quando iniciou o seu percurso na Casa Pia?

João Carvalho: Faço parte da instituição há 12 anos, como professor da parte oficinal, do curso de Ótica Ocular na componente oficinal, de preparação, montagem e reparação. Sou ótico optometrista e, alem das aulas, faco consultas para todos os alunos da Casa Pia e lares de acolhimento.

OP: Em que consiste o projeto social “Loja de Ótica” da Casa Pia?

JC: Este projeto serve como uma simulação de uma ótica em contexto real. Os alunos sinalizados com problemas de visão, de toda a comunidade escolar da Casa Pia, são encaminhados para as instalações do curso de Ótica, começando por ser feito um exame visual, seguido de um atendimento feito pelos alunos do 2º e 3º ano, que consiste na tomada de medições oculares e na orientação da escolha da armação. Por ano, costumamos realizar entre 400 a 500 consultas.

OP: O que destaca no curso e na diferenciação para os alunos?

JC: Por ano formamos 10 a 15 alunos, sendo que temos 40 a 50 alunos distribuídos pelos três anos. Este curso torna-se muito importante nos dias de hoje devido ao uso excessivo das novas tecnologias, provocando um aumento de problemas visuais que origina o uso de óculos cada vez mais frequente e antecipado.

OP: O que fazem os alunos quando concluem o curso? Quais as principais saídas profissionais?

JC: Estão habilitados a fazer todo o tipo de montagens de lentes oftálmicas e reparações, podem fazer atendimento ao cliente que vai desde a escolha mais adequada das lentes e respetiva armação consoante a sua prescrição, assim como assegurar a gestão das óticas e ter umas noções de contactologia. É dos poucos cursos profissionais em que os técnicos de ótica ocular estão habilitados a gerir uma ótica, sem estar sob a alçada de um técnico superior, como um diretor técnico de uma farmácia.

OP: No Skills 2018, Campeonato Nacional de Profissões, voltaram a ser grandes vencedores nesta área...

JC: Competimos desde 2014 neste Campeonato, organizado pelo IFP, na profissão de Técnico de Ótica Ocular, onde sou presidente do júri. É importante para a Casa Pia e para os concorrentes (neste contexto não são alunos) a nível de treino, porque estão a competir com outras escolas de ótica. O nosso desempenho foi mais uma vez excelente. Somos de novo campeões nacionais na profissão Técnico de Ótica Ocular.

OP: O nível de exigência é muito grande para os seus alunos?

JC: Posso dizer que são muito bem treinados. Sou um professor muito exigente, justo e orgulhoso. Não é por acaso que são muito solicitados quando terminam o curso.

OP: A Casa Pia tem capacidade para aumentar o número de turmas neste curso?

JC: Sem dúvida que gostaria de ter mais alunos. Oxalá que com esta entrevista o nosso mérito chegue aos meus colegas óticos! A Casa Pia tem capacidade para integrar muitos mais formandos. Já tive turmas de 25 alunos, agora anda na casa dos 18. Há dois anos que a lista de inscritos começou a baixar, talvez por falta de conhecimento do que é na realidade o curso de ótica ocular e da excelente saída profissional que este oferece aos alunos que o frequentam.

OP: Como concilia a componente pratica oficinal com a tecnologia digital nas suas aulas?

JC: No primeiro ano do curso de ótica, um dos principais conteúdos que lecionamos e ao qual damos muita importância é a aprendizagem manual, quer seja nas leituras de lentes oftálmicas, nas montagens manuais ou reparações de armações. Torna-se mais fácil o processo manual e o automático. No segundo ano passam para os equipamentos de nova geração com tecnologia digital.

 
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